segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Sair do ninho: Comprar vs Arrendar

Numa perspectiva totalmente economicista, viver com os pais pode ser um descanso: comer na mesa, roupinha passada a ferro, televisão, internet e outros benefícios que dão sempre jeito e nos fazem uma vida mais folgada...

...mas nem tudo é dinheiro neste mundo, e há um momento da nossa vida em que, por maior que a casa dos pais seja, o desejo de "sair do ninho" supera todas as regalias que possamos ter disponíveis...

Das várias opções que temos (pedir uma casa à câmara, coabitar bairros de lata, etc) opto por pensar apenas nas mais "normais" (será que o são?): Compra ou Arrendamento.


muitas vezes ouvimos aquele argumento do "Arrendar é pagar por algo que não é nosso"... Pois este argumento é, no mínimo fraco. Ao optarmos por um arrendamento, estamos efectivamente a pagar por ter algo nosso, durante o período de tempo que pagamos a renda...

Aqueles que defendem que "ao comprar a casa, ela é logo nossa", pensem um pouco: ... será que é mesmo?
Na (quase) totalidade dos casos é preciso contrair um empréstimo à banca podermos comprar esse pedaço de chão. Ele até pode ser nosso, Mas o dinheiro emprestado está, na realidade, alugado, e um aluguer bem caro, indexado ao Euribor, acrescentado de Spread, etc etc... e para não esquecer das obrigações de proprietário: condomínios, seguros, etc, etc... Para não esquecer que a garantia de pagamento desse aluguer para o pagamento desse pedaço de chão, é ele mesmo!

A opção de arrendar uma casa pode ser um investimento tanto ou mais proveitoso que comprar uma casa. Porque um custo poupado, também é um proveito! Ao comprar casa, a nossa mobilidade fica imediatamente limitada. Se "hoje" a casa está num sítio ideal, a vida volátil que estamos sujeitos hoje em dia não nos dá segurança nenhuma para ficarmos "sempre no mesmo sítio". E se o emprego muda? e se o tamanho da família muda? Há muitas variáveis que temos que ter em conta, e o futuro nunca nos dá aquilo que desejamos... temos que contar com o pior, pois os "dias da fartura" acabaram há muito! Uma casa que até possa ter sido uma pechincha, pode bem tornar-se num empecilho que nos "corta as pernas" de forma impiedosa...!

Mas nem tudo é "só vantagens": como arrendatários, também temos as nossas obrigações: manter a casa em perfeito estado de conservação é salvaguarda de preservação das coisas, porque afinal de contas, elas são "nossas" enquanto lá estivermos! E há coisas que têm que ser feitas: pinturas, limpezas, manutenção de portas e janelas... tudo isso é necessário, e tudo isso é da responsabilidade de quem habita na casa!

Resumidamente, as vantagens de cada regime.

Vantagens em arrendar:
- "renda" é, na generalidade dos casos, mais baixa que uma prestação ao banco...não pelo preço da "renda", mas porque não tem quaisquer despesas adicionais;
- Mobilidade pouco ou nada limitada: muda-se muito facilmente (é preciso apenas respeitar os meses de antecedência para avisar, normalmente 180 dias)
- Despesas asseguradas: o que se "gasta" na casa é a renda, e mais nada. Não há seguros, condomínios, prestações "surpresa", etc...

Vantagens em comprar:
- Investimento: mesmo que não seja a nossa casa "para sempre", há sempre uma parte que pode reverter para a compra de uma outra...
- liberdade de modificação: é nosso, e como tal podemos mandar paredes abaixo, pintar e repintar, reorganizar a casa... e fazer tudo a nosso gosto!

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